sexta-feira, 21 de setembro de 2007

POR ONDE ANDA O BRILHO E O GLAMOUR? POR REGINA BACELLAR

O assunto parece ser local, poucos percebem o “caos” que está se transformando as noites gays de Recife. Já sem muita opção de dancing´s, parece que aos poucos também estamos perdendo nossos artistas, as referências estão literalmente fugindo a cada noite que se passa. Até a década de 80, os notívagos de Recife apreciavam shows de transformistas os quais tinham um “leque” de opções para apresentar-se, na época, esses artistas exibiam no palco dublagens de grandes nomes da cultura popular nacional e internacional, interpretavam então, Divas de todos os continentes. Hoje, poucos anos depois, com o “avanço” dos tempos, muito mudou. Embora ainda existam aqueles que viveram aquelas épocas e curtam ainda hoje o que podemos chamar de cultura, pouco se vê da arte de transforma-se em mulher. Algumas transformistas até tentaram sair da “linha glamourosa”, mudaram radicalmente seus estilos, tornando-se drag’s, mas, na verdade é que Recife com ou sem transformista perdeu seu encanto e seu glamour. Talvez cansadas pela disputa de espaço e a escassez da remuneração, muitas deixaram no palco a saudade do luxo, do romantismo, da riqueza de detalhes com seus trabalhos de bordados e pedrarias. Embora haja crítica quanto à falta de “ginga” dos transformistas, desde que o mundo é mundo e que se criou o transformista, que as principais atrações de seus shows resumen-se a dublagem, beleza, luxo e glamour. Inspirados em Divas como: Celine Dion, Mariah Carey, Laura Pausini, Barbara Straissand, Lara Fabian, entre outras... Suas músicas expressam geralmente o amor, a agressividade não combina com suas melodias, nem mesmo a dança.
Se já não bastasse perder todo luxo e glamour que ultimamente só se via no programa “Gente que Brilha” do SBT aos Domingos, onde o apresentador Silvio Santos mostrava pra todo Brasil o verdadeiro transformismo, aquí no Recife sobraram poucas drag’s. Em poucos anos perdemos grandes nomes como: Linda Selva Plutão, Naomi, Kimberli, Samantha Fox, Hakadesh, Sara, Musa Diamapón, Diana e agora por último La Blue.
Parece que só estava realmente existindo as drag’s, ainda assim existia uma variedade, agora, já não podemos falar o mesmo. Ultimamente os shows estão cada vez menos diversificados e muitos transformistas que ainda dispõe-se a fazer shows, estão esquecidos à surdina e lembrados pelo grande público. Quem perde com isso? O transformista que fica sem palco?
A casa que torna seus shows repetitivos e monótonos? Ou o cliente que paga pra ver novidades e se depara muitas vezes com os mesmos shows e os mesmos artistas? Não desmerecendo o trabalho de nenhum artista, mas, as apresentações constantes tornam-nos figuras fáceis e cansa a imagem não “prendendo” o público que ávidos por shows perdem a motivação. Infelizmente vivemos numa diversidade que não abre espaço para as diversidades existentes nela mesmas, como podemos pedir “inclusão” total na sociedade se nem mesmo no espaço reservado a nós mesmos existe essa inclusão? É preciso consciência de todos: artistas, público e produtores, pois, estamos perdendo cada vez mais nossos artistas e principalmente a DIVERSIDADE dos shows que outrora se ditava pelo brilho da lantejoulas,
a leveza das plumas e a beleza dos strasses.

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